Desde os tempos imemoriais, a humanidade procurou registrar pela escrita os acontecimentos, idéias, ensinamentos, experiências e símbolos que marcam a sua passagem pelo tempo. As civilizações extintas continuam a falar através dos diversos tipos de escrita que deixaram.
Recentemente, o Rio de Janeiro teve o privilégio de assistir a exposição dos Pergaminhos do Mar Morto onde, por mais de 2000 anos, estão conservados os textos bíblicos.
Este foi o problema com a memória de nossa Umbanda: pelo menos 1000 anos de tradições africanas, se perderam com a escravidão no Brasil. Somente com a popularização de nossa religião e com a luta contra o preconceito conseguiremos ser respeitados pela má informação.
Hoje temos mais facilidade para falarmos de Umbanda e de cultos Afro-Brasileiros que no passado. Portanto, maior responsabilidade com nossas crianças, podemos torná-los atuantes em nossas vidas e aprofundá-los nos ensinamentos religiosos em comunhão com nossos irmãos. Pensando nisso lançamos a coleção de livros infantis, “Atividades de Orixás” idealizada para preparar nossas crianças, através do entendimento e do coração. A criação de personagens materializa o que para eles não aparece, criança gosta de cor, de formas, a isso damos o nome de “material lúdico”, existe muito preconceito por aquilo que não se conhece, por aquilo que nos é estranho. Somente o conhecimento nos permite entender e compreender a intenção de nossos orixás. O lançamento da obra, com sessão de autógrafos dos autores Yonar e Emmanuel Peixoto contou com a presença de vários amigos ilustres preocupados com o futuro de nossa religião. Composta por sete (7) livretos, cada um traz informações sobre os Orixás: Oxalá, Ogum, Oxóci, Xangô, Iemanjá, Iançã e Oxum. Por exemplo, o sincretismo religioso é abordado de modo simples e acessível, as oferendas são exemplificadas e justificadas, com atividades para colorir e passatempos. Enfim, é uma obra que não pode faltar àquele que deseja ver sua religião conhecida e respeitada.
Nos momentos de meditação, a leitura muitas vezes nos abre horizontes de autoconhecimento e fraternidade. O aprendizado se dá com aquele que escuta, depois faz e fala. Escuta os ensinamentos escritos, imprescindíveis para o desenvolvimento espiritual umbandista. O mundo dissipado em que viveram nossos irmãos no sofrimento dos cativeiros e da ignorância, por não saberem ler, dificultou a consolidação de nossa religião, tão importante na vida espiritual e na busca da verdade.
O hábito da boa leitura nas novas gerações deve ser incentivado, especialmente em leituras que impulsionem a orientação espiritual umbandista, pois nossos filhos são o futuro de nossos amados orixás. Se deixarmos de acreditar eles deixarão de existir e conseqüentemente nossa umbanda cairá no esquecimento. Infelizmente, a História nos mostra a perseguição cerrada que algumas religiões sofreram no decorrer do tempo. O Cristianismo exterminou com o que chamou de religiões pagãs, embora tenha absorvido valores de algumas com objetivo de atrair seus seguidores (como acontece até hoje!): o ‘nascimento’ de Jesus no solstício de verão, a concepção por uma virgem, a perseguição durante a infância, a ‘mitra’ papal e outros. A ‘demonização’ da figura de Pã é um exemplo claro do poder de destruição de valores por parte do cristianismo em sua estruturação. Alegre, o fauno Pã, semideus associado aos valores da natureza, companheiro de Baco (Dionísio, dos romanos), deus do vinho, foi transformado no ‘nosso’ diabo, com a adição, é claro, do tridente do deus Poseidon (Netuno, dos romanos). A caça às bruxas continuou durante a Idade Média, contra o Calvinismo e o Luteranismo, que se tornou, pelo ‘protesto’ de Lutero, conhecido como ‘Protestantismo’. Absorvido por reinos que se opunham à Igreja, seus seguidores sofreram por anos a fio a perseguição nos países ditos ‘cristãos’. Na Segunda Grande Guerra, nova perseguição, marcada, desta vez, pela nefasta ‘estrela lilás’_ os protestantes, a exemplo dos judeus, homossexuais e ciganos, foram obrigados a se identificar, foram marcados e depois, grande parte, exterminados. Como se vê, historicamente, algumas crenças são perseguidas por outras, que se julgam donas da verdade, sem suspeitar que, a verdade, sendo o julgamento de um fato, é relativa e, portanto, questionável; o fato sim, é incontestável. Seguindo esse exemplo histórico, as religiões protestantes são as que mais crescem, principalmente no Brasil, importada da Inglaterra via Estados Unidos, iniciou uma caça às bruxas contra as religiões afro-brasileiras, mais especificamente, a Umbanda e o Candomblé. Motivo? Inúmeros. Um deles _ e o mais letal_ é a propagação da ignorância, corroborada e apregoada por seus líderes que, muitas vezes, tem consciência de seus atos. Já vimos, enquanto educadores, casos em que o aluno foi proibido pela mãe de participar de aulas de Capoeira por ter, nessa dança-esporte, a inserção de instrumentos afro_ atabaques, berimbaus, e outros_ usados também nas manifestações afro-religiosas. Objetivando minimizar essa caça às bruxas, levando o conhecimento e conseqüentemente, procurando dirimir a ignorância, a obra foi idealizada. Em linguagem simples, lúdica e pedagógica, leva o leitor a apropriar-se de conceitos até então inimagináveis e, portanto, assustadores. Levantando-se o véu do conhecimento, o que era estranho passa a ser comum e, portanto, aceitável. A perseguição, como nos mostra a História, é claro que haverá. Porém, podemos, se assumirmos nossa responsabilidade de divulgar com clareza a religião de nossos ancestrais, minimizá-la. O jovem é acessível, é aberto ao crescimento intelectual e cultural, diferente de nós, pais e educadores com nossos (pre) conceitos velhos e ultrapassados.
A Formação Religiosa Infantil tem por objetivo:
· Promover o desenvolvimento sadio e integral da criança
· Proporcionar o gosto pela vida em fraternidade umbandista, em condições de relacionamentos consigo e com as outras pessoas.
· Sensibilizar a criança para as questões sociais, culturais, políticas e econômicas, despertando uma visão crítica da realidade que sofremos.
· Despertar o espírito de liderança.
· Despertar o compromisso religioso, na vivência da espiritualidade umbandista, cultivando o espírito da meditação.
· Despertar para o relacionamento construtivo da vida familiar.
· Criar histórias em quadrinho ou gibis com várias lendas
Sugestões para criar uma boa aula:. Cada lenda de Orixás oferece uma infinidade de materiais para pesquisa que podem ser adaptadas conforme a idade e a série:
· Utilizar-se de instrumentos musicais afro para contar a história.
· Pesquisar e construir outros instrumentos africanos (sucata)
· Destacar palavras que apareçam no texto pesquisar em dicionários e criar outras histórias utilizando-se das palavras africanas.
· Criar um banco de palavras de origem africana.
· Ensaiar encenações das lendas
· Preparar receitas de comidas de Orixás para degustar com os alunos.
Para o desenvolvimento da aula:· Fazer um estudo da realidade: Levantamento sobre as religiões Afro existentes no Brasil e identificar suas origens
· Correlacioná-las com fatos históricos
· Entrevistas com pais-de-santo, ogãs, equedes,... e fazer levantamentos bibliográficos.
· Diagnóstico e resultados: Exposição dos resultados conquistados pelos estudantes.
A obra pode ser encomendada por intermédio desta revista ou pelo e-mail:
magazen@ig.com.br ou
ielpeixoto@ig.com.br.
Boa sorte e boa aula!!!
A Prof. Yonar é Mãe Pequena na Umbanda formada em sete graus de Magia, pelo Colégio Tradição de Magia Divina, Pedagoga e especialista em Teologia pela PUC de São Paulo.
Prof. Emmanuel é Pai Pequeno na Umbanda formado em sete graus de Magia, pelo Colégio Tradição de Magia Divina, Bacharel em Letras e especialista em Língua Estrangeira Antiga (Latim) pela USP.
OBS: Artigo publicado na Revista Umbanda Sagrada, Ed. 02, que pode ser adquirida no site:
Pelo e-mail:
Ou pelo telefone (14)3011-1499