segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Umbanda Uma Nova Religião

Quantas pessoas são possuidoras do dom mediúnico da incorporação e quantas têm noção disso? Não existe uma estatística nesse campo e, o que sabemos, é que muitas pessoas vivem suas vidas terrenas em grande sofrimento, confusão mental e emocional, infelizes e sofredoras devido a uma faculdade que não dominaram por desconhecê-la ou por receio de "receberem espíritos" em seus corpos. Muita coisa já foi feita nesse campo e serviu para facilitar o entendimento sobre o espírito humano e sua interatividade com as outras dimensões da vida e das realidades nelas existentes, ainda que sempre reste algo a ser estudado e esclarecido. Quantas pessoas, por desconhecimento, não estão sofrendo nesse momento por causa dessa interatividade entre os dois lados da criação, que são o lado material e o espiritual? Quanto sofrimento não está sendo vivenciado nesse momento porque pessoas com faculdades mediúnicas desconhecem esses seus dons espirituais e o atribuem a seu corpo biológico, quando deveriam refletir sobre o espírito sobrecarregado de vibrações e energias que o atormentam? Lamentavelmente, o misticismo, a superstição, o tabu, o medo, a vergonha, a ignorância e o oportunismo sempre predominaram no entendimento do nosso espírito e do mundo espiritual que nos envolve, pois, se somos matéria, também somos espírito. E sempre que alguém se dispôs a explicar essa interação entre a matéria e o espírito, uma onda de adeptos dos dogmas e dos tabus tudo fez para calar a voz desses iluminados. Essa é uma razão que move pessoas, que fazem tudo o que sabem e podem para desclassificarem a existência de uma realidade ou dimensão espiritual umbilicalmente ligada ao plano físico e ao nosso corpo biológico. Mas, desconfiamos que o medo do desconhecido e a ignorância sobre como Deus opera em nosso espírito seja um dos motivadores dessas pessoas, tão zelosas com suas crenças e tão obstinadas a negarem as possibilidades aventadas pelos estudiosos dos dons espirituais. Dons estes que, em desequilíbrio, nos afetam de tal forma e com tanta intensidade que, ou nos entupimos com os mais variados medicamentos drogando nossa mente, ou sofremos doenças no corpo biológico que o influenciam porque o nosso espírito está em desequilíbrio. A Umbanda, uma religião nova se comparada com outras que são milenares, vem encontrando uma resistência tenaz por parte destas porque, criada no século XX, nos remeteu de volta à natureza e tem nos ensinado que um dos meios de alcançarmos o reequilíbrio entre matéria e espírito encontra-se justamente nela. Muitos dos nossos adversários dizem que regressamos ao animismo, ao panteísmo, ao misticismo etc. e não creditam qualquer benefício aos trabalhos nela realizados para reequilibrarmos pessoas que sofrem justamente porque desconhecem o lado natural da vida e do nosso espírito. Quando aprendemos a lidar com alguns aspectos do mundo natural e do mundo espiritual, seguimos procedimentos desenvolvidos ao longo do tempo por experimentação, e obtemos resultados satisfatórios, que trazem o alívio às pessoas prejudicadas pelo desequilíbrio na interatividade entre os lados espiritual e material, vemos como são importantes tais procedimentos. Realizar oferendas com as mais variadas finalidades, fazer assentamentos e firmezas de forças e poderes naturais com conhecimento de causa, sempre são benefícios e nada têm de misticismo, panteísmo, animismo ou ignorância, e sim, nos remete a um tempo em que não havia outros recursos além dos que a própria natureza nos fornecia e que só precisávamos aprender como nos servir deles. Estabelecer uma relação sólida e estável com o mundo espiritual e nos servir do que ele tem para nosso benefício não é negar Deus, mas fortalecer nossa crença na imortalidade do espírito e na sua capacidade de influir sobre a matéria. Logo, não há nada de errado ou condenável em conhecermos a natureza e o mundo espiritual e nos servirmos dos benefícios que a nós oferecem pois, se existem, foram criados por Deus. Que se sirva desse conhecimento quem quiser e souber como fazê-lo, mas que ninguém duvide disso porque é só uma questão de tempo para os nossos mais ferrenhos adversários descobrirem-se espíritos imortais tão dependentes da natureza quanto de Deus.

Nota da Folha Afro de Guarulhos: Mestre Rubens Saraceni lançou o livro "Rituais Umbandistas" pela Madras Editora, obra de cabal importância para aqueles que querem aprofundar-se no assunto.

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Professores de Bonsucesso lançam livro infantil de cunho afro-brasileiro!


Dia 25 de novembro, Domingo, os professores Yonar e Emmanuel Peixoto lançaram a coleção de livros infantis de cunho afro, "Coleção Atividades de Orixás". Idealizado pela professora, teóloga e escritora Yonar Peixoto, os livros são indicados para a divulgação da cultura afro-brasileira e a obra é inédita no mercado. Num momento em que o MEC (Ministério da Educação e Cultura) se preocupa com esse tipo de divulgação cultural, a obra vem a calhar. "Ainda existe muito preconceito por aquilo que não se conhece, por aquilo que nos é estranho. Somente o conhecimento nos permite entender e compreender as diversas manifestações culturais e religiosas que fazem com que o Brasil seja tão pluricultural como é. O Brasil é um dos celeiros culturais mais abundantes do mundo e não podemos permitir que todo esse conhecimento não seja conhecido (e reconhecido!) por nós, brasileiros, enquanto o mundo já se deu conta disso!", comentou a autora Yonar. O lançamento da coleção foi no Clube Recreativo de Guarulhos e pode ser encomendada por intermédio do e-mail: magazen@ig.com.br

Semana da Consciência Negra: Estudos Históricos

O evento iniciou-se dia 19/11, Segunda, no Centro de Guarulhos, com protesto contra os 400 empresários que não concordam com a lei de feriado da Consciência Negra em Guarulhos. A concentração foi no pontão da Rua Dom Pedro II, antigo Cemitério dos escravos da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, às 17 h. Às 20 h houve o encontro de representantes das Religiões de Matrizes Africanas em Guarulhos, no CIM, Centro de Integração da Mulher, Rua Luís Faccini, 467, que discutiu a necessidade de reconhecimento oficial e estruturação adequada da Cachoeira da 'Macumba' e outro espaços de 'Despacho' (grifo nosso, pois não concordamos com nenhum dos termos: o primeiro denota é pejorativo e, o segundo, termo inadequado para 'oferenda'). Estiveram presentes Pai Roger, Pai Carlos de Oxum, Equede Adriana de Iançã, Mãe Arlete de Nanã, Pai Peq. Emmanuel de Ogum, Edna Roland, da Coordenadoria da Mulher e Igualdade Social, Dra. Maria Otília Fernandez, coordenadora municipal da Unegro (União de Negro pela Igualdade), e outros representantes da sociedade preocupados com o assunto em questão.

União e Reflexão (Babalorixá Pai André d'Odé Ibó, doTemplo de Umbanda Filhos do Amanhecer/ Ilê Boun Asé Odé Ibô

Irmãos Umbandistas, irmãos do Candomblé, irmãos de todos os vínculos religiosos e filosofias. Estamos vivendo um momento de transformação e progresso e, muitas vezes, esquecemos de nossas origens. Nos povos santos, somos diversas vezes cobrados, caluniados, injustiçados, humilhados, questionados. Esta situação nos lembra a época em que o Brasil era colônia e nossos ancestrais indígenas e negros passavam todas humilhações possíveis e imagináveis. E, graças a esses povos, conquistamos alguns direitos. Mas, por que tudo isso? Porque ainda não entendemos o que significou a luta de nossos ancestrais por nossa união. Muitas vezes, a INTOLERÂNCIA começa dentro de nosso próprio meio. Precisamos rever nossa atitudes e realmente nos empenharmos no sentido de uma união ABSOLUTA. Um DIRIGENTE ESPIRITUAL de UMBANDA, BABALORIXÁ de CAMDOBLÉ ou qualquer outro irmão que tenha cargo ou não na casa de SANTO é um formador de opinião, é um RELIGIOSO e deve ter consciência e responsabilidade quando fala de nossa CULTURA AFRO! Não devemos julgar o que não entendemos, pois, julgando um irmão do AXÉ, estamos julgando a nós mesmos. As igrejas de nossos irmãos evangélicos se alastram por todos os lados. Têm apoio e facilidades na terra e, muitas vezes, crescem justamente por conta de nossos DESENCONTROS. Não precisamos ter braços de ferro com ninguém ou vínculos religiosos. Precisamos nos unir, refletir e fazer valer nossos direitos à própria Constituição Federal que garante o direito ao culto religioso. Um dirigente espiritual que seja de Umbanda ou de Candomblé é um SACERDOTE RELIGIOSO e deve respeitar e ser respeitado! Nossa cultura é linda! Vivemos pelo amor a OLORUM e aos nossos ORIXÁS e ENTIDADES. A umbanda é a filha das uniões de raças com o CANDOMBLÉ e, ambas, têm o mesmo objetivo: o AMOR! E agora nossa cidade de Guarulhos, que iniciou diversos irmãos da Umbanda e do Candomblé, estamos ganhando este veículo de comunicação do nosso povo! Vamos nos orgulhar desta oportunidade e fazer desta grande caminhada de união iniciada por nossos ANCESTRAIS!OMOJUBÁ, OMOCUIU, OCOLOFÉ, OMISSALÊ, A BENÇÃO DE OLORUM PARA TODOS!

Agnaldo Timóteo é nosso entrevistado!

O vereador Agnaldo Timóteo (PR/SP) concedeu entrevista a pedido da Folha Afro de Guarulhos e da Folha de Bonsucesso. Homem público, amável, gentil com os amigos e ferrenho com aqueles que, por algum motivo, não fazem jus a sua amizade. O vereador Agnaldo Timóteo falou sobre preconceito, racismo e intolerância. Incisivo em suas colocações e eloqüente em seu discurso, em momento algum escondeu seu ponto de vista.
Folha Afro: As religiões afro sofrem com a intolerância, tanto a Umbanda, o Candomblé... O que você pode falar sobre isso, sobre a intolerância religiosa?
Ver. Agnaldo Timóteo: Acho que existe também preconceito dos católicos contra evangélicos, e vice-e-versa, e são comportamentos lamentáveis do ser humano. Você quando vê um menino muito sujo entrando num restaurante se ele vai até a sua mesa, você pede ao garçom para dizer a ele que irá atende-lo lá fora. Porque é o preconceito inserido na nossa sensibilidade.Não sei! Eu deploro qualquer tipo de preconceito. Eu acho que não deve existir.
Folha Afro: E quanto ao preconceito racial propriamente dito?
Ver. Agnaldo Timóteo: Nós não temos preconceito racial e sim social. Onde não entra um negrinho sujo também não entra um branco (sujo). Onde não entra um negro desdentado, não entra um branco desdentado, com chinelo sujo. Então o que existe agora? Também tem uma coisa: os negros cometem muitos erros porque não apóiam os negros. Os que contabilizam, que se consagram, que se tornam milionários, não oferecem aos negros o direito de se tornarem assim também. Então, é preciso deixar de sermos preconceituosos com nós mesmos. Talvez as coisas melhorem. Eu tenho profundo pesar do comportamento das nossas celebridades do futebol, do axé, do pagode, de todos eles. Têm uma 'famazinha', querem uma loira gelada como se fosse um troféu. Como se tivesse vergonha de seus próprios pais.
Folha Afro: O Dia da Consciência Negra você já falou...
Ver. Agnaldo Timóteo: Dia da "Inconsciência" Negra! Nós não temos Dia da Consciência Negra! Se tivéssemos consciência negra não teríamos aqui (somente) dois vereadores negros: Agnaldo Timóteo e Claudete Alves, que é do PT, que por sinal é uma brilhante vereadora (o vereador está citando a Câmara Municipal de São Paulo, porém, em Guarulhos, o problema é o mesmo!). Porque os negros parecem que tem vergonha de votar nos seus irmãos. É como se nós fossemos inferiores aos nossos irmãos brancos. Eu não fui eleito pelos negros! Fui eleito por uma mistura de raça, já que eu havia passado pela casa dos artistas. Acredito que tenha feito junto a família brasileira uma bela imagem. Isso é, onde quer que eu me apresente o publico branco é muito maior que o publico negro. Então, eu acho que os negros precisam se orgulhar dos seus ídolos negros, dos seus representantes negros, de seus familiares negros.
Folha Afro: Gostaria que você deixa-se uma mensagem para nossos leitores.
Ver. Agnaldo Timóteo: Eu quero dizer para você Emmanuel e também para a Dhiana (nossa repórter) que são representantes da Folha Afro de Guarulhos e da Folha de Bonsucesso e para todos os leitores o seguinte: Que todos os seus leitores não se deixam envenenar pelos ressentimentos dos formadores de opiniões. Principalmente como pessoas como Luís Datena. Porque eles não têm a menor noção do que nós fazemos e representamos. Eles só têm uma preocupação: em usar uma linguagem mais demagoga possível para que o Ibope se multiplique. Então não se deixem envenenar! Nós estamos aqui com maior honra, representando a população de São Paulo. Brigando, dando 'porrada' em defesa da população. Não nos queiram mal! Nós queremos bem a todos munícipes.

MARCHA POR ZUMBI

Roteiro Histórico Percorrido (pelo Historiador Elton S. de Oliveira) Foi realizada em Guarulhos dia 20 de Novembro, a Marcha Por Zumbi: Capoeira, Samba e Reflexão, atividade programada pela Coordenadoria da Mulher e da Igualdade Racial e Movimentos Sociais. A marcha percorreu os principais pontos marcados pela presença negra na colina do centro histórico de Guarulhos. Os participantes concentram às 8 horas nas imediações da Praça dos Estudantes, às 9 horas, a marcha teve inicio com a entrada na antiga Rua Nossa Senhora Mãe dos Homens Pretos, nome originário da tradição oral. Seguindo pela Avenida Timóteo Penteado, sentido Centro de Guarulhos, alcançou a Praça Tereza Cristina. Nesse local, várias lideranças usaram a palavra para explicar a diferença histórica entre a Igreja de Nossa Senhora da Conceição (atual igreja Matriz), fundada em 1685, e a Igreja da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, demolida no final da década de 1920. No marco zero, em frente à matriz, foi lido um atestado de óbito do escravo Narciso, de propriedade de Francisco Mariano de Oliveira. O espaço entre a Igreja Matriz e a antiga Igreja do Rosário era a linha divisória de segregação social demarcado para brancos e negros. Já na Rua Dom Pedro, local onde existiu o cemitério de escravos, situado no atual Pontão, a marcha seguiu em silêncio, parando sobre os restos mortais dos escravos enterrados no referido cemitério. Novas palavras de ordem e homenagens foram prestadas às vitimas da escravidão em Guarulhos e no Brasil. Saindo da Rua Dom Pedro, o cordão com mais de mil participantes, subiu a Rua Luiz Gama, importante personagem na luta abolicionista. Entrou na Rua Sete de Setembro, passado em frente da Igreja do Rosário, reconstruída no inicio da década de 1930, sendo excluído do atual nome da igreja, o termo "Irmandade dos Homens Pretos." Logo em seguida, a marcha alcançou a Rua Santo Antonio, finalizando no Centro Municipal de Educação Adamastor, no Sopé da Colina do Centro Expandido.

NANÃ BURUQUÊ

É o Orixá mais velho do panteão africano. Deusa do fundo dos rios, da lama, da fertilidade ou fecundidade, à doença e à morte. Nascida em Daomé, conhecida como "Mãe da Terra". Seu fio de Conta (Colar, Guia), tem as cores: Branco, Azul e Branco e Lilás.Seus símbolo: Ibiri (centro de palha e búzios)Dia Votivo: 2º feiraOferendas: Omoluko de feijão ou fava branca, milho branco, acaçá, arroz, mel, dendê, rúcula, todas as frutas menos o abacaxi.Seu habitat: Matas fechadas, pântanos, lamaçal e lagos.Suas ervas: Alfavaquinha, Bredo-sem-espinho, Agapanto, Assa-Peixe, Folha-da-Costa, Avenca, Taioba, Manacá, Quaresmeira entre outras.Arquétipo de seus Filhos: São pessoas que agem calmamente, com dignidade, benevolência e gentileza. Elas adoram crianças e velhos, vivem cercadas deles, mimando e cuidando como se fosse uma avó. Suas reações e decisões são equilibradas com justiça e sabedoria, são pessoas humildes e magoam-se facilmente. No sincretismo brasileiro Nanã Buruquê é sincretizada como Santa Ana

Do Xangô de Recife para Guarulhos uma casa de raiz

A história dessa casa de raiz, se divide em duas etapas, sendo a primeira, iniciada à mais de 34 anos atrás, com a iniciação dos fundadores da Casa, conhecidos até então como Dida e Alexandre (filho carnal de Dida), nos cultos da Umbanda na "Tenda de Umbanda Cacique 7 Estrelas", dirigido pela Madrinha Tereza, uma casa de Umbanda tradicional com mais de 60 anos de existência, que foi instalada na Av. Cajuru, no bairro do Jardim Moreira, Guarulhos, e que foi fechada após o falecimento de sua dirigente espiritual. A segunda parte da história começa por volta de 1875, com a chegada ao Brasil da africana Inês Joaquina da Costa (Ifá Tinuké - também conhecida como Tia Inês), que fundou o Terreiro de Iemanjá ou Terreiro Obaomi, mais conhecido como Sítio de Pai Adão (sucessor de Tia Inês), na Estrada Velha da Água Fria, em Recife (PE), a mais antiga casa de culto Nagô de Pernambuco e hoje tombada pelo patrimônio histórico do Estado de Pernambuco. Essa casa é, portanto, uma das matrizes da principal Nação de culto afro-brasileiro - o NAGÔ, que guarda alguma semelhança com a Nação Ketu da Bahia por utilizar em seus cantos e cultos a língua Yorubá. Tia Inês, ao vir para o Brasil, trouxe consigo várias divindades, sob a forma de símbolos, imagens, objetos e inclusive sementes, para plantar um imenso pé de gameleira, existente até hoje, o qual é venerado como a divindade Ìròkò. Com sua morte, a casa passou a ser liderada por Felipe Sabino da Costa (Ope Watanan), conhecido por Pai Adão, tornando-se uma personalidade muito importante dentro do Xangô do Recife, por seus profundos conhecimentos rituais, domínio do idioma Yorubá e sua rígida maneira de preservar e ensinar todo seu conhecimento aos filhos de santo, amigos e comunidade em geral. De Pai Adão até hoje, todos esses fundamentos e conhecimentos foram transmitidos sucessivamente à Malaquias (Ojé Bií - filho carnal de Pai Adão), Manoel do Nascimento Costa (Ogunté Faran - Neto carnal de Pai Adão e sobrinho de Malaquias), que é hoje, o atual dirigente do Sítio e também conhecido pelo nome de Manoel Papai, e finalmente à Mãe Dida de Xangô (Obafunle) e Pai Alexandre de Odé (Odetumbi), que uniram essa tradição recebida com o culto de Jurema e fundaram o "Abaçá de Xangô Agodo e Obafunle", situado na Rua Cristolândia, 77, Guarulhos-SP. Mãe Dida e Pai Alexandre, também são zeladores espirituais do bloco "ILU OBA DE MIN", formado por aproximadamente 100 mulheres, e seu objetivo é a divulgação da cultura, percussão, musicalidade e coreografia da história e mitologia Afro-Brasileira e outras atividades. Por que de toda essa explicação? Simples: dia 17 o bloco veio ensaiar em Guarulhos para a abertura do carnaval de São Paulo. O ensaio começou às 17 horas. Estavam, em sua maioria, de branco, cor que representa a Paz. Vizinhos desconfiados... Maioria negra... De branco... Às 17h e 9 min., a polícia recebe reclamação por 'perturbação: o som incomodava'. Competente, como não deveria deixar de ser, às 17h e 17 min., uma viatura da PM chega ao local. Após averiguações, os policiais se retiram após, educadamente, se desculparem. O ensaio prossegue e, por volta de 18 h, horário de verão, encerra, sendo aplaudido por mais de 150 pessoas que, 'incomodadas com o barulho' vieram assistir. Preconceito? Intolerância? Beira mais à ignorância! Desculpe-nos, Divino Mestre. Lembramos de suas palavras: "Perdoai-os, Pai. Eles não sabem o que fazem". Porém, já perdoamos demais e eles continuam não sabendo o que fazem e, o pior, ninguém faz nada...

Umbanda uma religião Nova!


Quantas pessoas são possuidoras do dom mediúnico da incorporação e quantas têm noção disso? Não existe uma estatística nesse campo e, o que sabemos, é que muitas pessoas vivem suas vidas terrenas em grande sofrimento, confusão mental e emocional, infelizes e sofredoras devido a uma faculdade que não dominaram por desconhecê-la ou por receio de "receberem espíritos" em seus corpos. Muita coisa já foi feita nesse campo e serviu para facilitar o entendimento sobre o espírito humano e sua interatividade com as outras dimensões da vida e das realidades nelas existentes, ainda que sempre reste algo a ser estudado e esclarecido. Quantas pessoas, por desconhecimento, não estão sofrendo nesse momento por causa dessa interatividade entre os dois lados da criação, que são o lado material e o espiritual? Quanto sofrimento não está sendo vivenciado nesse momento porque pessoas com faculdades mediúnicas desconhecem esses seus dons espirituais e o atribuem a seu corpo biológico, quando deveriam refletir sobre o espírito sobrecarregado de vibrações e energias que o atormentam? Lamentavelmente, o misticismo, a superstição, o tabu, o medo, a vergonha, a ignorância e o oportunismo sempre predominaram no entendimento do nosso espírito e do mundo espiritual que nos envolve, pois, se somos matéria, também somos espírito. E sempre que alguém se dispôs a explicar essa interação entre a matéria e o espírito, uma onda de adeptos dos dogmas e dos tabus tudo fez para calar a voz desses iluminados. Essa é uma razão que move pessoas, que fazem tudo o que sabem e podem para desclassificarem a existência de uma realidade ou dimensão espiritual umbilicalmente ligada ao plano físico e ao nosso corpo biológico. Mas, desconfiamos que o medo do desconhecido e a ignorância sobre como Deus opera em nosso espírito seja um dos motivadores dessas pessoas, tão zelosas com suas crenças e tão obstinadas a negarem as possibilidades aventadas pelos estudiosos dos dons espirituais. Dons estes que, em desequilíbrio, nos afetam de tal forma e com tanta intensidade que, ou nos entupimos com os mais variados medicamentos drogando nossa mente, ou sofremos doenças no corpo biológico que o influenciam porque o nosso espírito está em desequilíbrio. A Umbanda, uma religião nova se comparada com outras que são milenares, vem encontrando uma resistência tenaz por parte destas porque, criada no século XX, nos remeteu de volta à natureza e tem nos ensinado que um dos meios de alcançarmos o reequilíbrio entre matéria e espírito encontra-se justamente nela. Muitos dos nossos adversários dizem que regressamos ao animismo, ao panteísmo, ao misticismo etc. e não creditam qualquer benefício aos trabalhos nela realizados para reequilibrarmos pessoas que sofrem justamente porque desconhecem o lado natural da vida e do nosso espírito. Quando aprendemos a lidar com alguns aspectos do mundo natural e do mundo espiritual, seguimos procedimentos desenvolvidos ao longo do tempo por experimentação, e obtemos resultados satisfatórios, que trazem o alívio às pessoas prejudicadas pelo desequilíbrio na interatividade entre os lados espiritual e material, vemos como são importantes tais procedimentos. Realizar oferendas com as mais variadas finalidades, fazer assentamentos e firmezas de forças e poderes naturais com conhecimento de causa, sempre são benefícios e nada têm de misticismo, panteísmo, animismo ou ignorância, e sim, nos remete a um tempo em que não havia outros recursos além dos que a própria natureza nos fornecia e que só precisávamos aprender como nos servir deles. Estabelecer uma relação sólida e estável com o mundo espiritual e nos servir do que ele tem para nosso benefício não é negar Deus, mas fortalecer nossa crença na imortalidade do espírito e na sua capacidade de influir sobre a matéria. Logo, não há nada de errado ou condenável em conhecermos a natureza e o mundo espiritual e nos servirmos dos benefícios que a nós oferecem pois, se existem, foram criados por Deus. Que se sirva desse conhecimento quem quiser e souber como fazê-lo, mas que ninguém duvide disso porque é só uma questão de tempo para os nossos mais ferrenhos adversários descobrirem-se espíritos imortais tão dependentes da natureza quanto de Deus.Nota da Folha Afro de Guarulhos: Mestre Rubens Saraceni lançou o livro "Rituais Umbandistas" pela Madras Editora, obra de cabal importância para aqueles que querem aprofundar-se no assunto.

Festa ao Mestre Exu Rei Tiriri

Há 23 anos, o Sr. Juberli Romão Soares Varela, mais conhecido como Pai Varela, faz festa em homenagem ao Mestre Exu Rei Tiriri. A festa inicia-se na sede do Templo de Umbanda Mestre Tupinambá, na Rua Dr. Azevedo Lima, 296, Jd. Modelo, Jaçanã, SP (instalada nesse local desde 1975) e, depois, segue para a encruzilhada entre as ruas Guajarás com a Freire Bastos, no Jaçanã, onde acontece um show pirotécnico em agradecimento a tudo que foi proporcionado no decorrer do ano. Para encerrar, há um jantar em um salão de festas. Poderíamos citar o vasto currículo de Pai Varela como um dos maiores baluartes vivos da Umbanda, porém, o intuito deste não é esse. Citaremos o mínimo: é o realizador da festa de Cosme Damião onde congrega milhares de crianças tendo como destaque o bolo de 4.000 kg e 15.000 pacotes de brinquedos; é hoje o único Umbandista em todo o Brasil a levar 3.500 pessoas numa encruzilhada para saudar a força do Exu Rei Tiriri e ainda serve um jantar para seus convidados; seu trabalho em prol da Umbanda já se destaca como manchete em vários jornais e revistas de mais destaque no Brasil tais como Revista Veja, Planeta, Isto É, Cruzeiro e Revista Raça. Para terminar a relação, acaba de receber o Prêmio Zumbi do Palmares entregue pela Câmara Municipal e o Jornal Metropolitano ambos da cidade de Guarulhos e é idealizador da grande corrente ecumênica de orações a Bento do Portão, em Santo Amaro, no mês de julho, tendo construído o túmulo e propagado esta corrente para várias partes do mundo. Por que citar tudo isso? Simples. Após ter entregado mais de 1.000 convites para o evento que trazia como endereço para recepção o Esporte Clube Vila Galvão, em Guarulhos teve, para sua surpresa, o evento cancelado por essa entidade. Foi alegada por seus representantes cláusula impeditiva em seus estatutos para realização de eventos político e/ou religiosos. O que é se de estranhar é que, em anos anteriores, a festa foi ali realizada, assim como evento de natureza política com a participação, inclusive, de autoridades do município. O fato deixa transparecer claramente, se tratar de uma ação puramente discriminatória por parte Esporte Clube Vila Galvão, com indícios veementes camuflados sob a égide de clausula estatutária duvidosa, haja vista a realização de todo tipo de evento como acima já citado em anos anteriores. Discriminação Religiosa? Não temos dúvidas! Felizmente, lutador como é, Pai Varela terminou sua, aliás, nossa festa, em outro clube: no Arouca São Paulo Clube.

Núcleo de Religiões Afro-brasileiras dos Policiais Militares do Estado de São Paulo - NAFROPM - PMs de Axé

O Brasil conviveu por mais de três séculos com um sistema social e principalmente econômico baseado no trabalho escravo do homem e da mulher africana e de seus descendentes. A sociedade brasileira herdou, além do triste recorde da mais longa e cruel escravidão de negros da história, o hediondo fenômeno do racismo institucional, que se materializam no tratamento diferenciado dispensado aos afro-descendentes, nas mais diversas instituições e na existência de mecanismos de discriminação, inscritos na operação do sistema social. Tal situação perpassa, de forma linear, toda a história brasileira e se apresenta, de maneira bastante violenta no cotidiano da população negra, por meio de uma perseguição sistemática a todas as suas formas organizadas de expressão, em especial as religiões afro-brasileiras, que desde o Brasil Império até os dias atuais as condutas políticas discriminatórias impedem a sua livre manifestação. No passado, a Igreja Católica se utilizou do Estado como uma espécie de braço armado contra os cultos afro-brasileiros. As Casas de Culto Afro-brasileiras tiveram que tirar licenças junto às delegacias de polícia para realização de festas e atos religiosos. Ficaram notórias, naquele tempo, as "batidas" policiais nas Casas de Culto com a prisão de seus Sacerdotes, destruição e recolhimento de seus objetos de culto às dependências policiais. Hoje temos o mesmo terror impingido outrora, só que atualmente pela ação das Igrejas Neopentecostais que, impunemente, desenvolvem campanha sistemática de intolerância religiosa através da mídia, principalmente a televisiva, contra as religiões afro-brasileiras, promovendo uma verdadeira guerra religiosa. Nessa conjuntura, o advento do NAFROPM se constitui em uma iniciativa de especial importância, pois materializa uma reparação histórica da ação do aparelho policial. Já para os integrantes da Instituição, adeptos e simpatizantes de religiões afro-brasileiras, possibilitou enormes benefícios pela oportunidade de livre exercício da sua crença e um considerável aliado contra as ações de intolerância religiosa e de combate ao racismo, pois por trás da intolerância religiosa há uma clara manifestação de intolerância "racial". (Texto baseado em artigo do Prof. Dr. Jaime Sodré, da Universidade Federal da Bahia). Histórico Em 30 de junho de 2005 foi realizado em Salvador-BA o 1º Congresso Religioso da Polícia Militar da Bahia, tendo como tema "A Paz". O Sgt. Eurico, Sacerdote de Candomblé e pertencente à Irmandade do Rosário dos Pretos, ao tomar conhecimento da realização do evento verificou que não se fazia referência às religiões afro-brasileiras. Indignado, questionou sobre a ausência e a resposta que obteve foi a de que não havia uma representação organizada de Policiais Militares que pertencessem às religiões Afro-brasileiras. Incontinenti, o Sgt. Eurico pediu audiência com o Comandante Geral da Polícia Militar da Bahia e fez solicitação para criação de um Núcleo de Religiões de Matriz Africana. O Cel. Santana, Comandante Geral, ao ser informado da não inclusão das religiões afro-brasileiras no Congresso, determinou a sua inclusão. Um grupo de Policiais Militares pertencentes às religiões afro-brasileiras participou do Congresso e realizaram palestra a respeito da relação das religiões afro-brasileiras com a Paz. No dia 04 de julho deste mesmo ano foi formalmente criado o NAFROPM e, no dia 11, foi realizada a primeira assembléia geral da entidade e votado e aprovado o estatuto do NAFROPM e foram eleitos os membros de sua Coordenação. O NAFROPM na Polícia Militar do Estado de São Paulo: Em dezembro de 2006 o Sr. Flávio Dirceu Serri Thomaz (Babalorixá Flávio de Iansã), Sacerdote de Candomblé, da Nação Oxumaré, dirigente do Ilê Alaketu Axé Egbê Oyá Ogun convocou, através do Jornal "A GAXETA", Policiais Militares de São Paulo que quisessem criar o NAFROPM neste Estado. Cinco Policiais Militares compareceram e, em 25 de março de 2007, realizou-se a primeira reunião do NAFROPM/SP. No dia 10 de Junho foi feita a discussão do Estatuto do NAFROPM/SP - PMs de Axé e, dia 22 de Julho, a eleição da diretoria e a votação do estatuto, realizando-se, assim, a primeira Assembléia Geral do NAFROPM. No dia 09 de Novembro, na Câmara Municipal de São Paulo, o NAFROPM/SP - PMs de Axé foi oficialmente apresentado à sociedade paulista. Na ocasião, representantes do NAFROPM da Bahia compareceram, além de diversas personalidades do meio afro-brasileiro e seguidores e simpatizantes das religiões afro-brasileiras do Estado de São Paulo.

Dúvida!

Por que seu cabelo deve ser liso? Aliás, por que só cabelos lisos são os tais “cabelos bons”? O preconceito é um dos principais elementos originários desse mito. Naturais, ‘dreads’, ‘black power’ ou tranças rastafári. Podem ser lisos ou alisados, levemente cacheados, encaracolados, tanto faz. O importante é que você se reconheça neles. Por que o mito do cabelo ‘ruim’ existe no Brasil? A escola e suas relações cotidianas não estão isentas do racismo que permeia a sociedade brasileira. Aliás, a escola é a instituição onde o preconceito é mais ferrenho e, ao mesmo tempo, velado (quem é que nunca recebeu um apelido, uma brincadeira de mau gosto, uma agressão em seu tempo de estudante que não tenha deixado marcas profundas?). Alunos, professores, pais, pesquisadores e gestores públicos vivenciam essas situações e são também responsáveis por sua superação. Nesse sentido, é importante discutir quais os principais desafios, obstáculos e possibilidades para que a educação anti-racista se realize na educação básica.